sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Um pacote na mesa me fez voltar no tempo, com uma lágrima no canto do olho

Lembro bem, como se fosse hoje. Naquela manhã de segunda-feira eu estava fazendo uma bateria de exames no Hospital Oswaldo Cruz, como fazia todos os anos. Já quase no final do check-up tocou o celular. Era a notícia da morte de Maria Luisa Rodenbeck, em um estúpido acidente de carro na Niemeyer, a caminho do aeroporto Santos Dumont, de onde ela viria para uma semana de trabalho em São Paulo.

A terrível notícia daquele 1o de outubro de 2007 tinha muitos significados. Maria Luisa era esposa de Peter Rodenbeck e responsável pela vinda da Starbucks ao Brasil. Uma pessoa incrível, que eu tinha aprendido a respeitar e gostar. Além do choque com a partida de uma pessoa querida, minha empresa, a BrandWorks (que em 2012 se tornaria GS&BW por conta da união com a Gouvea de Souza), era responsável pela comunicação social da Starbucks.

Corri para casa, troquei de roupa e voei para o Rio, ouvido colado ao telefone, em conversas constantes com os amigos da Publicom, com quem éramos associados na época, e que estavam envolvidos tanto na resolução dos tristes procedimentos burocráticos, quanto no contato com a imprensa. No cemitério do Catumbi, o calor abafado se somava ao olhar perplexo das pessoas – como assim, Maria Luisa não estava mais entre nós? E agora?

Para se ter ideia do carisma da Maria Luisa, o próprio Howard Schultz fez um bate-e-volta de Seattle a São Paulo para a missa de 7o dia. Eu estava lá, na Paróquia de São Gabriel, no Itaim Bibi, admirando aquele homem altíssimo e contrito na primeira fila da igreja, prestando sua homenagem à sócia brasileira. Nós na BrandWorks fomos orientados a não divulgar a presença dele no país – ele não queria que um gesto pessoal de carinho e solidariedade à família da Maria Luisa fosse interpretado erradamente como uma ‘jogada de RP’.

Seguimos trabalhando mais um tempo com a Starbucks, que manteve o ritmo de crescimento conduzido com competência pelo amigo Ricardo Carvalheira, antes de voltarmos nosso foco exclusivamente para o universo dos shopping centers.

Todas essas lembranças me voltaram à mente hoje quando, chegando no escritório, encontrei um pacote à minha espera. Era o livro que conta a história da Maria Luisa, que Peter me enviou com um bilhete simpático. O projeto aconteceu por conta do esforço de uma legião de amigos dedicados da Luisa, como a Ana Amélia Whately. Meu nome está citado no livro e tenho muito orgulho de ter feito parte da história da chegada da Starbucks ao Brasil – e de ter trabalhado com a Maria Luisa.


Fica a dica: o livro com a história dessa mulher competente, determinada, inteligente, delicada e mestre em relacionamentos humanos, pode ser um bom presente de Natal para você ou seus amigos. Para mim, presentão de verdade foi ter conhecido a Lu.

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